World Gastroenterology Organisation Global Guideline
Fevereiro de 2012
Equipe de revisão
Prof. M. Farthing (Presidente, Reino Unido)
Prof. M. Salam (Assessor especial, Bangladesh)
Prof. G. Lindberg (Suécia)
Prof. P. Dite (República Tcheca)
Prof. I. Khalif (Rússia)
Prof. E. Salazar-Lindo (Peru)
Prof. B.S. Ramakrishna (Índia)
Prof. K. Goh (Malásia)
Prof. A. Thomson (Canadá)
Prof. A.G. Khan (Paquistão)
Drs. J. Krabshuis (França)
Dr. A. LeMair (Holanda)
(Clique para expandir secção)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UNICEF, a cada ano se registram no mundo dois bilhões de casos de doença diarreica, e 1.9 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade morrem por causa de diarreia, fundamentalmente nos países em desenvolvimento. Isto significa 18% de todas as mortes de crianças com menos de cinco anos, e que mais de 5.000 crianças morrem a cada dia como resultado de doenças diarreicas. De todas as mortes infantis provocadas pela diarreia, 78% ocorrem na África e no sudeste Asiático.
Cada criança menor de 5 anos de idade apresenta uma média de três episódios anuais de diarreia aguda. Em nível mundial, neste grupo etário, a diarreia aguda é a segunda causa de morte (depois da pneumonia). Tanto a incidência como o risco de mortalidade por patologia diarreica são maiores entre os meninos deste grupo etário, particularmente em menores de 1 ano - e depois disso os números vão diminuindo. Outras consequências diretas da diarreia infantil nos países com recursos limitados incluem desnutrição, retardo do crescimento e perturbação do desenvolvimento cognitivo.
Nas últimas três décadas, graças aos esforços realizados, os países em desenvolvimento conseguiram reduzir a taxa de mortalidade; vários fatores contribuíram para isso; a distribuição e o uso generalizado de Soluções de Reidratação Oral (SRO), o aumento das taxas de amamentação materna, melhor nutrição, melhor estado sanitário e higiene, bem como o aumento da cobertura vacinal do sarampo. Em alguns países, como Bangladesh, houve uma redução da taxa de letalidade (CFR, na sigla em inglês) sem mudanças apreciáveis no abastecimento de água, saneamento, ou na higiene pessoal. Isto pode ser atribuído, em parte, a uma melhor gestão dos casos.
As SRO e as melhorias nutricionais têm provavelmente maior impacto sobre as taxas de mortalidade que a incidência da diarreia. Talvez as más condições de vida e as melhorias insignificantes da água, saneamento e higiene pessoal, (apesar de alguma melhoria da nutrição) expliquem -em parte- a falta de impacto sobre a incidência. Espera-se que intervenções como o aleitamento (que evita a diarreia), a prolongação da amamentação até os 24 meses de idade, uma melhor complementação da alimentação (ao melhorar a nutrição), junto com as melhoras da sanidade afetem simultaneamente a mortalidade e a morbidade. Da mesma forma, espera-se, com o uso generalizado do zinco recomendado no manejo da diarreia infantil, uma prática não realizada em muitos países até hoje, reduzir a incidência da doença.
Nos países industrializados, embora os pacientes que morrem por diarreia sejam relativamente poucos, a patologia segue sendo uma causa importante de morbidade e consome recursos substanciais da saúde. Durante as duas últimas décadas, a morbidade causada por diarreia permaneceu relativamente constante.
Este guia apresenta detalhes específicos de pediatria em cada uma das seções correspondentes.
Nos países em desenvolvimento, as bactérias e parasitas entéricos são mais predominantes do que os vírus, e habitualmente alcançam seu ponto máximo durante o verão.
Escherichia coli diarreiogênica. A distribuição varia de um país para o outro, mas a E. coli enterohemorrágica (ECEH, incluindo E. coli O157:H7) é o agente que mais comumente causa patologia nos países em desenvolvimento.
Detalhes pediátricos. Quase todos os tipos provocam doença nas crianças nos países em desenvolvimento:
* Em alguns países em desenvolvimento, não se observam ECEI e ECEH (ou têm prevalência muito baixa).
Campylobacter:
Detalhes pediátricos. Campylobacter e uma das bactérias mais frequentemente isolada das fezes dos lactentes e crianças nos países em desenvolvimento; as taxas mais elevadas de isolamento se encontram nas crianças de 2 anos de idade e menores.
Espécies Shigella:
Detalhes pediátricos. Estima-se que 160 milhões de infecções anuais ocorrem nos países em desenvolvimento, fundamentalmente em crianças. É mais comum em préescolares e crianças maiores do que em lactentes.
Vibrio cholerae:
Detalhes pediátricos. A aparição de hipoglicemia na criança pode provocar convulsões, inclusive a morte.
Salmonella:
Detalhes pediátricos:
Tanto nos países industrializados como em desenvolvimento, os vírus são a causa predominante de diarreia aguda; particularmente no inverno.
Rotavírus:
Detalhes pediátricos:
Calicivírus humano (HuCVs):
Detalhes pediátricos. Os sapovírus afetam principalmente crianças. Pode ser o segundo agente viral mais comum depois do rotavírus, responsável de 4–19% dos episódios de gastroenterite severa nas crianças pequenas.
Adenovírus As infecções por adenovírus provocam geralmente doenças do aparelho respiratório.
Detalhes pediátricos: Dependendo do sorotipo infectante, e especialmente em crianças, podem também produzir gastroenterite.
Cryptosporidium parvum, Giardia intestinalis, Entamoeba histolytica, e Cyclospora cayetanensis: Estas etiologias são infrequentes no mundo desenvolvido, limitando-se habitualmente a viajantes.
Detalhes pediátricos. Nas crianças, em geral, provocam doença diarreica aguda.
Tabela 1 Resenha geral dos agentes causais de diarreia
* Estes agentes já não são comunicados no subcontinente indiano.
Apesar da presença de algumas pistas clínicas, não é possível determinar o agente etiológico definitivo da diarreia simplesmente pela via clínica (Tabelas 2–4).
Tabela 2 Os episódios de diarreia podem ser classificados em três categorias
Tabela 3 Relação dos principais sintomas com as causas de diarreia aguda. (ECEH, Escherichia coli enterohemorrágica)
Tabela 4 Características clínicas da infecção devida a determinados patógenos específicos que produzem diarreia
Palavra-chave: ++, comum: +, ocorre, +/–, variável; –, não comum: 0, atípico/não frequente.
A avaliação clínica inicial do paciente (Tabela 5) deve focar-se em:
Tabela 5 Avaliação médica do paciente com diarreia aguda
Tabela 6 Avaliação da desidratação utilizando o “método Dhaka”
* Sinais chave.
Nos casos de enterite e colite aguda, antes de identificar o agente causal, a prioridade é alcançar uma adequada manutenção do volume intravascular e corrigir os transtornos hidroeletrolíticos. A presença de sangue visível em pacientes febris geralmente indica infecção causada por patógenos invasores, como Shigella, Campylobacter jejuni, Salmonella, ou Entamoeba histolytica. Habitualmente não são necessárias coproculturas nos pacientes imunocompetentes que apresentam diarreia aguda aquosa, mas talvez seja necessário identificar Vibrio cholerae quando há suspeita clínica e/ou epidemiológica de cólera, particularmente durante os primeiros dias de um surto/epidemia (também para determinar a sensibilidade antimicrobiana) e para identificar o patógeno que provoca a disenteria.
Existem certas pistas epidemiológicas que podem orientar sobre a origem da diarreia infecciosa, considerando fatores como o período de incubação, antecedente de viagens recentes e a prevalência regional de diferentes patógenos, alimentos, ou relação com a ingestão de alimentos não habituais, riscos profissionais, uso recente de agentes antimicrobianos, institucionalização, e riscos de infecção por VIH.
É possível reduzir os custos associados aos exames de fezes e coproculturas (Tabelas 7–9) se realizada uma correta seleção e examinadas as amostras remitidas interpretando a informação própria do caso — tais como antecedentes do paciente, aspecto clínico, inspeção visual das fezes, e período de incubação estimado.
Tabela 7 Detalhes do histórico do paciente e causas de diarreia aguda
Tabela 8 Período de incubação e causas prováveis de diarreia
Tabela 9 Características dos pacientes e exames bacterianos a considerar
Sempre que possível: realizar análise de fezes nos casos de diarreia severa sanguinolenta inflamatória ou persistente. É sumamente importante para desenvolver protocolos de manejo nas etapas iniciais de um surto ou epidemia.
A triagem habitualmente implica exames de fezes não invasivos. Existem certos estudos de laboratório que podem ser importantes quando o diagnóstico básico não é claro, ou quando pode não se tratar de uma gastroenterite aguda senão de outro diagnóstico diferencial. Quando corresponder, podem ser considerados os testes rápidos diagnósticos (TRD) para realizar análises rápidas para descartar cólera na cabeceira do paciente.
Detalhes pediátricos. A identificação de germes patógenos, bactéria, vírus ou parasita na amostra fecal de uma criança com diarreia, não indica, em todos os casos, que isso seja a causa da doença.
A determinação dos eletrólitos séricos pode resultar necessária em algumas crianças com diarreia prolongada ou desidratação moderada ou severa, particularmente quando existe uma historia clínica atípica ou achados inabituais. A desidratação hipernatrêmica requer métodos de reidratação específicos; é comum em crianças eutróficas ou infectadas por rotavírus; manifesta-se por irritabilidade, uma sede que não guarda proporção com o grau de desidratação clínica e a prega cutânea pastosa.
Tabela 10 Fatores prognósticos em crianças
Diagnóstico diferencial de diarreia aguda nas crianças:
Manejo integrado da doença infantil (MIEI). Nos países em desenvolvimento, grande parte da morbidade e mortalidade infantil é provocada por cinco afecções: infecções respiratórias agudas, diarreia, sarampo, malária, e desnutrição. A estratégia MIEI foi desenvolvida para abordar a saúde geral das crianças apresentando síndromes e sintomas de mais de uma afecção. Nesses casos, é possível precisar mais de um diagnóstico e talvez haja que combinar tratamentos para as diferentes patologias. Os cuidados devem ser focalizados na criança como um todo e não simplesmente nas patologias individuais ou nas afecções isoladas que afetam as crianças; da mesma forma, os fatores que afetam a qualidade oferecida às crianças—tais como disponibilidade de medicamentos, organização do sistema sanitário, vias e serviços de derivação, e comportamentos da comunidade— requerem uma estratégia integrada.
A estratégia MIEI abrange uma série de intervenções destinadas a evitar e manejar as doenças infantis maiores, tanto nas dependências sanitárias como no lar. Compreende muitos elementos do programa de controle da infecção respiratória aguda e a doença diarreica, bem como aspectos pediátricos do controle da malária, desnutrição, vacinações e programa essencial de medicamentos (OMS, Bangladesh; ver www.whoban.org ).
A terapia de reidratação oral (TRO) consiste na administração de soluções apropriadas por boca para evitar ou corrigir a desidratação produzida pela diarreia. A TRO é um método custo/efetivo para o manejo da gastroenterite aguda, e reduz a necessidade de internação tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento.
As taxas de cobertura mundiais com SRO continuam sendo menores a 50% e devem ser feitos esforços para melhorar essa cobertura.
Os sais de reidratação oral (SRO) usadas na TRO contêm quantidades específicas de sais importantes que são perdidas nas evacuações diarreicas. A nova SRO (recomendada pela OMS e a UNICEF) tem menos osmolaridade, menores concentrações de sódio e glicose, e provoca menos vômitos, diminui as evacuações e as probabilidades de apresentar hipernatremia e diminui a necessidade de infundir soluções intravenosas, comparado com a SRO padrão (Tabela 11). Esta formulação está recomendada independentemente da idade do indivíduo e do tipo de diarreia, inclusive a cólera.
A TRO consiste em:
Tabela 11 Constituição dos sais de reidratação oral (SRO)
O uso da TRO está contraindicado no manejo inicial da desidratação severa e em crianças com íleo paralítico, vômitos frequentes e persistentes (mais de quatro episódios por hora), e afecções bucais dolorosas tais como um quadro moderado ou severo de muguet (candidiase oral). No entanto, a administração de uma solução SRO por via nasogástrica pode salvar a vida quando não é possível realizar uma reidratação intravenosa, e o paciente está sendo trasladado a dependências onde sim é possível administrar essa terapêutica.
A SRO à base de arroz é superior à SRO padrão para adultos e crianças com cólera; pode ser utilizada para tratar esse tipo de pacientes desde que sua preparação seja a conveniente. A SRO de arroz não é superior à SRO padrão no tratamento de crianças com diarreia aguda não colérica, especialmente quando são administrados alimentos pouco depois da reidratação, tal como é recomendado para evitar a desnutrição.
A deficiência de zinco é muito comum nas crianças nos países em desenvolvimento. Adicionada à TRO, a terapia rotineira com zinco resulta útil; reduz modestamente a severidade, mas o mais importante é que reduz os episódios de diarreia infantil nos países em desenvolvimento. É recomendado administrar 20 mg de zinco por dia durante 10 dias a todos as crianças com diarreia. Os lactentes de 2 meses ou menores deveriam receber 10 mg por dia durante 10 dias.
O suplemento com sulfato de zinco nas doses recomendadas reduz a incidência de diarreia no decurso dos 3 meses posteriores e diminui as mortes não acidentais até 50%. Adquire maior importância no manejo da diarreia nas crianças que apresentam desnutrição e doença diarreica persistente. A OMS e a UNICEF recomendam administrar suplementos de zinco de rotina às crianças com diarreia persistente, independentemente do seu tipo.
Tabela 12 Guia de dose diária recomendada (RDA) para crianças de 1 ano
Todas as crianças com diarreia persistente devem receber suplementos multivitamínicos e suplementos minerais (inclusive magnésio) todos os dias durante 2 semanas. As preparações comerciais disponíveis no mercado são frequentemente convenientes; os comprimidos que podem ser esmagados e administrados com alimentos são mais baratos. Elas devem fornecer a gama de vitaminas e minerais mais ampla possível, incluindo pelo menos duas doses diárias recomendadas (RDAs) de folato, vitamina A, zinco, magnésio e cobre (OMS 2005).
A prática de interromper a administração de alimentos durante mais de 4 horas é incorreta. Recomenda-se continuar com a alimentação normal nos casos nos quais não há sinais de desidratação, e reintroduzi-la apenas seja corrigida a desidratação moderada ou severa, o que habitualmente leva umas 2- 4 horas, empregando TRO ou reidratação intravenosa.
Detalhes pediátricos. Os lactentes alimentados no peito e as crianças devem seguir recebendo alimentação, inclusive durante a fase de reidratação. No entanto, para os lactentes que não recebem peito e as crianças e adultos desidratados, a reidratação é a primeira prioridade e pode ser alcançada em 2–4 horas.
Se não especificar a idade, as notas a seguir aplicam-se tanto a adultos como a crianças.
Tabela 13 Recomendações referentes à alimentação
Os probióticos como o Lactobacillus GG (ATCC 53103) são microrganismos vivos que demonstraram ter efeitos benéficos para a saúde humana. No entanto, os efeitos descritos são específicos para cada cepa, portanto, é preciso verificar a eficácia de cada cepa individual em estudos em humanos. Não é possível fazer uma extrapolação dos resultados de cepas, nem sequer em cepas muito parecidas; foram comunicados efeitos muito diferentes. O uso de probióticos pode não ser apropriado em situações nas quais se dispõe de recursos limitados, em particular, nos países em desenvolvimento.
Detalhes pediátricos. Os ensaios controlados de intervenção clínica e meta-análise avalizam o uso de cepas de probióticos e produtos específicos no tratamento e prevenção da diarreia por rotavírus nos lactentes.
Foi confirmada a existência de diferentes cepas de probióticos (ver Tabelas 8 e 9 na Diretriz da WGO sobre probióticos em http://www.worldgastroenterology.org/probiotics-prebiotics.html) incluindo L. reuteri ATCC 55730, L. rhamnosus GG, L. casei DN-114 001, e Saccharomyces cerevisiae (boulardii) são úteis para reduzir a gravidade e a duração da diarreia aguda infecciosa infantil. A administração oral de probióticos abrevia aproximadamente em um dia a duração da doença diarreica aguda em crianças.
Foram publicadas várias meta-análises de ensaios clínicos controlados em revisões sistemáticas que mostram resultados consistentes, sugerindo que os probióticos são seguros e eficazes. A evidência que surge dos estudos sobre gastroenterite viral é mais convincente que aquela que surge das infecções bacterianas ou parasitárias. Os mecanismos de ação dependem da cepa: existem evidências de eficácia de algumas cepas de lactobacilos (por exemplo, Lactobacillus casei GG e Lactobacillus reuteri ATCC 55730) e para Saccharomyces boulardii. Outro elemento importante a considerar é em que momento são administrados.
Na prevenção da diarreia infantil e do adulto, a evidência existente somente sugere que Lactobacillus GG, L. casei DN-114 001 e S. boulardii são eficazes em algumas situações particulares (ver Tabelas 8 e 9 na Guia sobre probióticos da WGO em http://www.worldgastroenterology.org/probiotics-prebiotics.html).
Existe uma forte evidência em favor da eficácia de S. boulardii ou L. rhamnosus GG em adultos ou crianças apresentando diarreia associada à antibióticoterapia. Um estudo indicou que L. casei DN-114 001 é eficaz para evitar a diarreia associada a antibióticos e a diarreia por C. difficile em pacientes adultos internados.
A evidência que surge da pesquisa é inadequada como para assegurar que VSL#3 (Lactobacillus casei, L. plantarum, L. acidophilus, L. delbrueckii, Bifidobacterium longum, B. breve, B. infantis, e Streptococcus thermophilus) sejam eficazes no tratamento da diarreia induzida por radiação.
Nenhum destes medicamentos ataca as causas básicas ou os efeitos da diarreia (perda de água, eletrólitos e nutrientes). Habitualmente, os antieméticos resultam desnecessários no manejo da diarreia aguda; alguns destes agentes que têm efeitos sedativos podem dificultar a TRO.
Detalhes pediátricos. Em geral, os antidiarreicos não conferem nenhum beneficio prático para as crianças com diarreia aguda ou persistente.
Tabela 14 Agentes antidiarreicos inespecíficos
Tabela 15 Agentes antimicrobianos para tratamento da diarreia de causas específicas
Notas importantes
de alto risco. Os antimicrobianos devem ser considerados as drogas de escolha para o tratamento empírico da diarreia do viajante e da diarreia secretória adquirida na comunidade quando se conhece o patógeno (Tabela 15).
Detalhes pediátricos:
Detalhes pediátricos:
Abordagem do manejo de adultos com diarreia aguda
Em 2002, a OMS e a UNICEF revisaram suas recomendações para adicionar zinco de rotina como terapia anexa à reidratação oral para o tratamento da diarreia infantil, independentemente de sua etiologia. Desde então, essas recomendações foram adotadas em mais de 40 países em nível mundial. Nos países onde foram introduzidas tanto as novas soluções de reidratação oral como o zinco, a taxa de uso de SRO tem aumentado drasticamente.
Princípios de um tratamento apropriado para crianças com diarreia e desidratação:
Tabela 16 Tratamento da diarreia infantil segundo o grau de desidratação
Advertências
Fig. 1 Abordagem terapêutica da diarreia aguda sanguinolenta em crianças
Independentemente do agente etiológico, os casos mais leves de diarreia não disentérica sem complicações - tanto em crianças como em adultos - podem ser manejados no domicílio utilizando SRO ou líquidos, segundo corresponda. Os pais ou as pessoas a cargo de crianças devem receber instruções precisas que lhes permitam detectar os sinais de desidratação, para eles saber quando é preciso levar a criança a uma dependência sanitária para seu tratamento. A intervenção precoce e a administração precoce de SRO reduzem a desidratação, a desnutrição e outras complicações, além de reduzir o número de consultas à clínica e também o número de internações e de mortes.
A automedicação é uma medida segura nos adultos saudáveis. Alivia as moléstias e a disfunção social. Não existem evidências de que prolongue a doença. No entanto, talvez não seja apropriado que os indivíduos se automediquem nos países em desenvolvimento onde são mais frequentes os tipos de diarreia que requerem intervenções específicas, e onde talvez não sejam capazes de avaliar sua doença.
Princípios da automedicação:
De ser possível, é recomendado que nas localidades de alta prevalência de doença diarreica as famílias tenham à mão alguns envelopes de SRO para preparar; se houver crianças menores de cinco anos é aconselhável também dispor de algum comprimido de zinco; isso lhes permitirá começar o tratamento em casa apenas inicie a diarreia.
Agentes antidiarreicos. Entre os centos de produtos de venda livre promovidos como agentes antidiarreicos, unicamente a loperamida e o subsalicilato de bismuto tem mostrado suficiente evidência de eficácia e segurança.
Conhecimento familiar: É importante reforçar a informação das famílias sobre a diarreia em áreas tais como prevenção, nutrição, uso de TRO e SRO, suplemento de zinco, e quando e onde consultar.
Indicações para consulta médica ou internação são:
Uma cascata é um conjunto hierárquico de técnicas diagnósticas ou terapêuticas aplicadas a uma mesma patologia, e catalogadas segundo os recursos disponíveis. As cascatas para manejo da diarreia aguda são mostradas nas Figuras 2-4.
Fig. 2 Cascata para manejo da diarreia aguda severa aquosa — tipo colérica, com desidratação severa. Ver acima a receita para líquido caseiro para administração oral. Terapia de reidratação oral TRO.
Notas
Detalhes pediátricos
Fig. 3 Cascata para manejo de diarreia aguda aquosa leve/moderada—com desidratação leve/moderada. Ver acima a receita para líquido oral caseiro. Terapia de reidratação oral TRO.
Fig. 4 Cascata para diarreia sanguinolenta aguda—com desidratação leve/moderada. Ver acima a receita para líquido oral caseiro. Terapia de reidratação oral TRO.