WGO Practice Guideline:
Atualizado em outubro de 2015
Equipe de revisão
Richard Hunt (Reino Unido/Canadá)
David Armstrong (Canadá)
Peter Katelaris (Austrália)
Mary Afihene (Gana)
Abate Bane (Etiópia)
Shobna Bhatia (Índia)
Min-Hu Chen (China)
Myung Gyu Choi (Coreia)
Angelita Cristine Melo (Brasil)
Kwong Ming Fock (Singapura)
Alex Ford (Reino Unido)
Michio Hongo (Japão)
Aamir Khan (Paquistão)
Leonid Lazebnik (Rússia)
Greger Lindberg (Suécia)
Maribel Lizarzabal (Venezuela)
Thein Myint (Myanmar)
Joaquim Prado Moraes-Filho (Brasil)
Graciela Salis (Argentina)
Jaw Town Lin (Taiwan)
Raj Vaidya (Índia)
Abdelmounen Abdo (Cartum)
Anton LeMair (Países Baixos)
(Clique para expandir secção)
A presente diretriz é a segunda publicada pela WGO para complementar os temas do Dia Mundial da Saúde Digestiva (DMSD). Seu objetivo é orientar os profissionais da saúde no melhor manejo da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) com um documento conciso de recomendações baseadas nas últimas evidências, resultantes de um processo mundial de consenso de especialistas, centrado na melhore prática atual.
As diretrizes da WGO têm por objetivo destacar as opções de manejo apropriadas, sensíveis ao contexto e aos recursos disponíveis em cada área geográfica, sejam consideradas "em desenvolvimento", "semidesenvolvidas" ou "desenvolvidas."
Uma abordagem padronizada global exigiria que a epidemiologia da DRGE e os sintomas tipo refluxo sejam comparáveis no mundo inteiro, e que os testes diagnósticos e todas as opções de tratamento médicas estejam normalmente disponíveis. Mas, nem a epidemiologia da doença, nem a disponibilidade de recursos para o diagnóstico e tratamento da DRGE, são suficientemente uniformes mundialmente como para apoiar a indicação de uma única abordagem padrão ouro.
A DRGE é uma afecção particularmente indicada para a abordagem em cascata da WGO, e esta diretriz mundial da WGO inclui uma série de cascatas com opções sensíveis aos contextos e aos recursos para o diagnóstico e manejo da DRGE. As Cascatas da WGO pretendem servir como complemento “global” -não substituição- das regras “padrão ouro” elaboradas por grupos regionais e sociedades nacionais.
Cascatas da WGO: conjunto hierárquico de opções diagnósticas, terapêuticas e de manejo para lidar com risco e patologia, qualificadas segundo os recursos disponíveis.
A DRGE é hoje amplamente prevalente ao redor do mundo, e com evidência clara de prevalência crescente em muitos países em desenvolvimento. As recomendações de práticas devem ser sensíveis ao contexto, visando otimizar a atenção, levando em conta os recursos locais e a disponibilidade de sistemas de apoio à assistência médica. A expressão da doença é considerada semelhante em todas as regiões, com azia e regurgitação como sintomas principais. Para o manejo inicial, o paciente pode comprar medicamento de venda livre para aliviar a azia ou consultar um farmacêutico. Quando os pacientes percebem que seus sintomas tendem a se agravar, podem consultar o doutor; segundo as circunstâncias do paciente e estrutura do sistema local de assistência médica, os pacientes podem procurar conselho nos serviços de atenção primária ou consultar um gastroenterologista ou cirurgião, diretamente ou por indicação. A abordagem em cascata da WGO tem por fim otimizar o uso dos recursos disponíveis de assistência médica para pacientes individuais, em função de sua localização e acesso a fornecedores de cuidados médicos diversos.
1. A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma afecção decorrente do fluxo retrógrado de conteúdo gástrico para o esôfago, orofaringe e/ou vias respiratórias que provoca sintomas incômodos, lesões ou complicações suficientes para prejudicar a qualidade de vida de seus portadores.
2. Os sintomas induzidos pelo refluxo, a esofagite erosiva e as complicações a longo prazo [2] podem ter efeitos muito nocivos nas atividades diárias, produtividade laboral, sono e qualidade de vida. A definição da DRGE de Montreal estabelece que são considerados "sintomas incômodos" aqueles sintomas moderados a severos que aparecem uma ou mais vezes por semana.
3. A DRGE pode ser classificada pela presença ou ausência de erosões; os sintomas de DRGE sem erosões, após exame endoscópico, constituem doença do refluxo não erosiva (DRNE), enquanto os sintomas de DRGE com erosões constituem esofagite erosiva (EE) [3]. Cabe igualmente salientar que pode ocorrer EE na ausência de sintomas [4].
4. A DRNE é "uma subcategoria da DRGE caracterizada por sintomas relacionados com refluxo na ausência tanto de erosões da mucosa esofágica na endoscopia convencional como de terapia supressora de ácido recente". Esta definição foi qualificada na base de um componente patobiológico e diagnóstico [5], estabelecendo que "evidência a favor deste diagnóstico inclui capacidade de reação face à supressão do ácido, monitorização por 24 horas do pH positivo (associação positiva dos sintomas) ou identificação de novos achados endoscópicos, morfológicos ou fisiológicos." A DRNE é, sem dúvida, a forma mais comum de DRGE a nível mundial [5].
5. O termo "esôfago de Barrett” (EB) se refere à presença endoscópica, confirmada histologicamente, de um revestimento colunar do esôfago. Atualmente é considerada a única complicação identificável da DRGE que apresenta potencial maligno.
6. As síndromes extraesofágicas associadas a DRGE se subdividem em associações estabelecidas (tosse, laringite, asma, erosões dentárias) e associações propostas (faringite, sinusite, fibrose idiopática pulmonar, otite média) [6].
A frequência e severidade dos sintomas relacionados com o refluxo podem variar de forma contínua. Há indivíduos que apresentam sintomas de refluxo ocasionais moderados que não incomodam e não preenchem os critérios para um diagnóstico da DRGE; nestes casos, os sintomas devem ser tratados com terapias intermitentes de baixa intensidade e mudanças no estilo de vida conforme o requerido.
A DRGE é uma doença mundial e a evidência sugere que sua prevalência está aumentando. As estimativas de prevalência mostram uma variação geográfica considerável, mas hoje elas são constantemente inferiores a 10% apenas no leste da Ásia [9]. A alta prevalência da DRGE e, portanto, de sintomas incômodos, tem consequências sociais importantes que afetam negativamente a produtividade laboral [10] e muitos aspectos da qualidade de vida dos pacientes [11,12].
Ainda faltam estudos epidemiológicos sólidos para os países desenvolvidos, como o Japão, bem como para muitas economias emergentes como Rússia, Índia e o continente africano. Também há poucos dados sobre a prevalência da DRGE em populações pediátricas, sua incidência [9] (Tabela 1), história natural e causas.
A maioria dos estudos epidemiológicos sobre a doença está baseada nos sintomas [4]. Um diagnóstico com base nos sintomas pode gerar dados epidemiológicos sobre prevalência de sintomas do refluxo gastroesofágico (SRGE) provavelmente pouco confiáveis. Isto é, em parte, porque a descrição e nomenclatura dos sintomas de refluxo variam entre as regiões e, em parte, porque a descrição dos sintomas gastrointestinais altos (sintomas "dispépticos") pode ser similar ainda quando os pacientes sofrem patologias gastrointestinais altas muito diversas, como doença por úlcera péptica, dispepsia não ulcerosa, dismotilidade ou DRGE [13]. Contudo, vale a pena considerar a prevalência dos sintomas "dispépticos" no mundo inteiro, visto que esses dados afetam a probabilidade pré-teste de os sintomas gastrointestinais altos serem atribuíveis ao refluxo gastroesofágico.
A DRGE é um transtorno sensório-motor associado à alteração dos mecanismos normais antirrefluxo (p. ex., função do esfíncter esofágico inferior, ligamento frênico-esofágico), alterações fisiológicas (p. ex., alteração da peristalse esofágica, aumento da pressão intragástrica, aumento do gradiente de pressão abdominotorácica) ou, muito raramente, excesso de secreção de ácido gástrico (síndrome de Zollinger-Ellison).
Alimentação e estilo de vida
Medicamentos: certos medicamentos podem afetar a DRGE
Ver também a seção 3.2 sobre história e exame físico do paciente.
O tratamento das comorbidades (p. ex., antagonistas dos canais de cálcio, anticolinérgicos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) pode afetar negativamente a DRGE e seu tratamento [23]. Alguns medicamentos (p. ex., bisfosfonatos, antibióticos, suplementos de potássio) podem causar dano ao trato gastrointestinal superior bem como exacerbar os sintomas de refluxo ou a lesão induzida pelo refluxo.
Gravidez
A azia na gravidez não difere, em geral, da apresentação clássica na população adulta, mas piora à medida que a gravidez avança. A regurgitação acontece quase com a mesma frequência que a azia e, no primeiro trimestre, a DRGE está associada à alteração de várias respostas fisiológicas [24,25]. Os fatores que aumentam o risco de azia [26] são: azia antes da gravidez, paridade e duração da gravidez. A idade materna está inversamente relacionada ao aparecimento da azia ligada à gravidez [27].
Outros fatores patobiológicos
A DRGE pode variar muito em sua apresentação clínica, tanto por seus sintomas como por suas lesões, que podem se manifestar separadamente ou em combinação.
A avaliação dos sintomas é fundamental para o diagnóstico da DRGE, em particular no momento de avaliar a eficácia do tratamento. Azia e regurgitação são os sintomas mais comuns, mas pode haver sintomas atípicos da DRGE, com ou sem os sintomas comuns. Os sintomas atípicos podem incluir dor epigástrica [34] ou dor torácica [1,35], que podem simular dor cardíaca isquêmica, bem como tosse e outros sintomas respiratórios que podem simular asma ou outras alterações respiratórios ou laríngeas. Também pode haver disfagia. Uma minoria de pacientes com DRGE tem múltiplos sintomas inexplicados, que podem estar associados com transtornos psicológicos [8].
A maioria dos sinais de alerta não são específicos para DRGE; muitos estão associados a diagnósticos alternativos sem relação com a DRGE. Na maioria dos países, muitas destas características estão relacionadas ao câncer gástrico, úlcera complicada ou outras doenças severas.
Ver também a Diretriz Mundial da WGO sobre os sintomas gastrointestinais frequentes (http://www.worldgastroenterology.org/guidelines/global-guidelines/common-gi-symptoms).
A presença de sintomas de azia e/ou regurgitação duas ou mais vezes por semana sugere DRGE [47]. Os critérios clínicos, endoscópicos e de pHmetria fornecem uma caracterização abrangente da doença, embora geralmente não sejam requeridos estudos para estabelecer um diagnóstico da DRGE - com a ressalva de que a probabilidade de ter DRGE no pré-teste varia marcadamente entre as regiões geográficas. (Consulte também a seção 1.2, Definição e descrição da DRGE).
A avaliação inicial deve documentar a presença, severidade e frequência da azia, a regurgitação (ácida ou de qualquer tipo) e os sinais de alerta; também devem ser buscados sintomas atípicos esofágicos, pulmonares, otorrinolaringológicos e bucais. Pode ser útil avaliar fatores precipitantes como refeições, dieta (gordura), atividades (agachar) e posição decúbido; também os fatores que aliviam a sintomatologia (bicarbonato, antiácidos, leite, medicamentos de venda livre).
Nesse sentido, é importante excluir outros diagnósticos gastrointestinais, em particular o câncer gastrointestinal alto e a doença ulcerosa, especialmente nas áreas de prevalência. Também é importante considerar outros diagnósticos não gastrointestinais, especialmente a cardiopatia isquêmica.
As ferramentas do questionário de diagnóstico para DRGE (questionários de doença do refluxo, RDQs) foram desenvolvidas para estudos epidemiológicos. Porém, os RDQ não tiveram bons resultados no estudo Diamond [32]. De fato, o diagnóstico feito por um médico -médico de família ou gastroenterologista- mostrou melhor sensibilidade e especificidade para o diagnóstico da DRGE do que o RDQ. Os questionários costumam ser difíceis de usar na prática clínica. Uma cuidadosa anamnese constitui a base do diagnóstico sintomático, a esofagogastroduodenoscopia (EGD) é reservada para identificar ou excluir lesões estruturais importantes em casos selecionados.
Uma avaliação da “probabilidade pré-teste” local, baseada na região, pode prover alguma orientação sobre as opções e a sequência de testes necessários para o diagnóstico, visto o baixo valor preditivo da maioria dos sintomas.
Tratamento com IBP como apoio ao diagnóstico
Infecção por Helicobacter pylori [50]
Em muitos países com alta prevalência de H. pylori, úlcera péptica e câncer seguem sendo mais frequentes do que DRGE e causam mais morbidade e mortalidade [51].
IBP e H. pylori
A relação entre terapia com IBP e progressão da gastrite e atrofia do corpo gástrico em pacientes com infecção gástrica por H. pylori foi claramente estabelecida a partir das primeiras observações de Kuipers e col. [54]. Os IBP estão associados à piora do grau histológico da gastrite nos pacientes infetados por H. pylori, acompanhado de uma maior prevalência de atrofia da mucosa gástrica e metaplasia intestinal [55], que aparece antes, e com maior frequência, do que em pacientes infetados com H. pylori que não recebem IBP. Este risco de atrofia da mucosa gástrica e metaplasia intestinal não é observado quando os IBP são utilizados em pacientes não infetados ou naqueles nos quais foi erradicado o H. pylori antes de usar os IBP a longo prazo. Como é sabido que atrofia da mucosa gástrica e metaplasia intestinal são os principais fatores de risco para desenvolver adenocarcinoma gástrico, a maioria das diretrizes de especialistas recomendam fazer testes e tratar o H. pylori a longo prazo antes de administrar o IBP, especialmente em pacientes jovens.
Endoscopia (EGD)
A EGD é geralmente indicada para sintomas gastrointestinais altos de início recente, quase sem limite de idade, em regiões onde está disponível e asequível e onde há alta frequência de doença ulcerosa e grande preocupação pela possibilidade de neoplasias, como na maior parte da Ásia [56]. As cascatas apresentadas a seguir visam solucionar a escassa disponibilidade de endoscopia em áreas com menos recursos, sugerindo o tratamento empírico para erradicar o H. pylori como estratégia de primeira linha.
Outros estudos
Estudos adicionais, além da EGD, são raramente necessários; eles têm, também, precisão variável e muitas vezes não estão disponíveis.
Os objetivos da avaliação do paciente incluem a valorização dos sintomas e fatores de risco para diagnóstico da DRGE e a predição das sequelas a longo prazo. Nesse sentido, é importante considerar a epidemiologia regional da doença gastrointestinal alta e a probabilidade de DRGE pré-teste em relação com outras condições. Por exemplo, na Ásia, o EB não é frequente, portanto, não é um risco importante para adenocarcinoma esofágico, que é por si só pouco comum. A prevalência de úlcera péptica e câncer gástrico são os principais motivos para indicar endoscopia na Ásia onde, a diferença de Ocidente, o adenocarcinoma esofágico é menos comum. É provável que a prevalência crescente dos cânceres da união gastroesofágica no Ocidente esteja também relacionada com a DRGE, apesar destes cânceres serem ainda pouco frequentes. Por outro lado, o câncer escamoso é mais comum em outras partes do mundo (com maior prevalência no Irã, por exemplo), e está relacionado com fatores diferentes ao refluxo. A consideração de todos estes fatores deve guiar a sequência e escolha dos testes diagnósticos.
Características do histórico pessoal e familiar
As características a seguir podem ajudar a diagnosticar e avaliar a severidade da DRGE:
História medicamentosa: pergunte sobre medicamentos que possam contribuir para os sintomas da via digestiva alta (não forçosamente DRGE)
História dietética
Avaliação física: geralmente não há sinais físicos de DRGE
Um diagnóstico presuntivo de DRGE pode ser estabelecido na presença de sintomas típicos: azia e regurgitação. Na gravidez, a DRGE pode ser diagnosticada de forma confiável apenas com base nos sintomas.
Se os sintomas dominantes ou mais incômodos são atípicos para DRGE, se deve considerar outros diagnósticos como as doenças relacionadas com H. pylori e os sintomas induzidos por AINEs. Em regiões onde há uma alta prevalência de infecção por H. pylori, uma estratégia inicial de teste e tratamento de H. pylori, ou uma endoscopia se possível, devem ser consideradas.
Os exames radiológicos rara vez resultam necessários. Monitorização do pH esofágico ou impedância-pH e manometria esofágica podem ser realizados de forma segura, mas raramente são necessárias. Sintomas de refluxo intratável ou complicações da DRGE podem ser avaliadas de forma segura com EGD [24,25].
Notas:
* Os sinais de alerta justificam a realização de EGD em todas as regiões.
** Prevalência de H. pylori:
Baixa: <30% a nível nacional, população de baixo risco, erradicação confirmada.
Alto: ≥ 30% a nível nacional, pacientes idosos, região de alto risco (por exemplo, populações originárias da América do Norte), grupos étnicos de alto risco (imigrantes da Europa oriental, América do Sul, África, subcontinente índio, Ásia).
- Para EGD, realizar biópsia esofágica em regiões de recursos abundantes ou biópsia para pacientes de regiões de “recursos médios”, se os sintomas sugerem esofagite eosinofílica.
- Para avaliar EGD, considerar somente se há alta prevalência de EB na população local e recursos abundantes.
- Para a maioria dos propósitos, EGD não vai alterar o manejo, na ausência de sinais de alerta ou acesso a cirurgia antirrefluxo.
- Não há indicações para a série gastrointestinal alta no estudo dos sintomas gastrointestinais altos de rotina (dispepsia não investigada).
Princípios gerais
Embora a severidade e frequência dos sintomas variam muito entre os pacientes com DRGE, os sintomas de refluxo (SRGE) ocasionais não preenchem os critérios para um diagnóstico da DRGE e são controlados com tratamentos intermitentes de baixo nível e ajustes no estilo de vida, se necessário. Os sintomas mais frequentes ou severos interferem em grande medida na qualidade de vida dos pacientes e justificam um tratamento que seja suficiente para normalizá-la.
Em geral, o tratamento da DRGE segue uma abordagem passo a passo tanto respeito das terapias como dos profissionais da saúde que as indicam ou fornecem.
Princípios básicos
Os princípios básicos do tratamento da DRGE incluem intervenções no estilo de vida, redução da acidez luminal esofágica através tanto da neutralização ácida local como da supressão da secreção de ácido gástrico com tratamento médico; ou, em raras ocasiões, com cirurgia antirrefluxo. Os objetivos principais do tratamento são aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida relacionada com a saúde do paciente, curar a esofagite, evitar a recorrência dos sintomas e prevenir ou tratar as complicações ligadas à DRGE da forma mais rentável.
A pirose infrequente, menos de duas vezes por semana, irá responder talvez ao autocuidado com antiácido ou alginato-antiácido, administrado uma vez por semana ou com menos frequência. É muito improvável que estes medicamentos tenham efeitos nocivos. As combinações de alginato-antiácido são úteis e são superiores aos antiácidos isolados [69]. Neste grupo de pacientes, em particular, pode ser útil evitar alimentos ou eventos que ativem os sintomas e as refeições muito abundantes pela noite. A perda de peso naqueles que têm sobrepeso também pode reduzir a frequência dos sintomas.
Os pacientes com sintomas mais frequentes devem ser avaliados para indicar um tratamento a longo prazo. Em pacientes com diagnóstico da DRGE, apresentando sintomas incômodos duas ou mais vezes por semana, justifica indicar uma terapia empírica com inibidor ácido (IBP ou, se indisponível, H2RA). Também podem ser utilizados antiácidos/alginatos se IBP ou H2RA estiverem indisponíveis, ou para alívio imediato dos sintomas em pacientes que tomam medicamentos supressores de ácido.
Se os medicamentos de venda livre ou os ajustes no estilo de vida falharem, os pacientes muitas vezes consultam primeiro o farmacêutico ou o médico de atenção primária. A definição de fracasso depende em grande medida do tratamento que está a ser experimentado. Por um lado, pode falhar porque o paciente na verdade não tem DRGE; por outro lado, é possível que ele seja inadequado para enfrentar a severidade da DRGE. Nesse caso, pode haver resposta parcial à terapia, e o manejo posterior será guiado segundo a disponibilidade e otimização de terapias mais potentes. Esses passos posteriores podem requerer encaminhamento para a atenção secundária se o tratamento inicial falhar [70]. A abordagem do refluxo deve focalizar a melhor prática clínica, sendo prioridade o tratamento dos sintomas.
Cuidado pessoal
Opções para a automedicação assistida por farmacêutico
N.B.: a disponibilidade de opções de tratamento varia segundo os países.
Autotratamento sem estudos deve ser evitado diante das seguintes condições [74–77]:
Ação de seguimento
Opções para médicos de família
Opções para especialistas (atenção secundária: gastroenterologista, cirurgião)
Para atender às necessidades dos pacientes, deve ser levada em conta a totalidade dos sintomas. Os sintomas adicionais, com ou sem pirose, podem responder de forma diferente ao tratamento.
A intervenção cirúrgica (em geral, fundoplicatura) em pacientes com DRGE é pouco indicada, mas pode ser considerada se houver hérnia hiatal grande que cause sintomas de refluxo ligados ao volume e se há evidência de aspiração ou disfunção da cárdia. Outras indicações podem incluir a falta de cumprimento do tratamento médico, efeitos secundários associados ao tratamento médico, esofagite refratária ao tratamento médico ou sintomas persistentes documentados como causados por DRGE refratária. [3].
Por definição, a resposta à supressão ácida (ou neutralização) nos pacientes com azia gástrica funcional está ausente ou é mínima no melhor dos casos, e os pacientes correm o risco de ser encaminhados para cirurgia por sua DRGE. Portanto, todos os pacientes com sintomas de DRGE encaminhados para cirurgia devem ser submetidos a monitorazição do pH de 24 horas para excluir azia gástrica funcional [87]. Também devem ser submetidos a manometria esofágica, gole de bário e EGD para excluir outros diagnósticos diferenciais.
As técnicas endoscópicas cirúrgicas antirrefluxo foram desenvolvidas a partir de finais dos 90, mas a maioria não prosperou devido a que seu sucesso foi limitado [88]. Ainda faltam dados dos resultados a longo prazo para algumas técnicas e procedimentos novos, e estas terapias só devem ser oferecidas no contexto de ensaios clínicos.
Apesar do prognóstico dos pacientes com DRGE ser bom, e 90% alcançar um bom controle dos sintomas com tratamento ótimo, pode haver complicações, incluindo hemorragia, EB, estenose, ulceração e malignidade.
Para fornecer uma orientação correta em áreas com poucos recursos e evitar estudos diagnósticos desnecessários, é básico contar com uma avaliação diagnóstica completa da história do paciente e seu exame físico (ver seções 3.1 e 3.2), incluindo quando acontecem os sintomas (durante o dia ou pela noite, sua relação com as refeições) e sua resposta (nenhuma, parcial ou completa) aos antiácidos, H2RA ou IBP.
A cascata da Tabela 8 supõe que não existem sinais de alerta e outras causas não gastrointestinais dos sintomas, que, se indicado, foi buscada e erradicada a infecção por H. pylori e que foi excluído o uso de AINEs como causa dos sintomas.
2013 American College of Gastroenterology guidelines for diagnosis and management:
Katz PO, Gerson LB, Vela MF. Guidelines for the diagnosis and management of gastroesophageal reflux disease. Am J Gastroenterol 2013;108:308–28; quiz 329. doi: 10.1038/ajg.2012.444. PMID: 23419381. National Guideline Clearinghouse NGC 009639.
2012 American College of Physicians Clinical Guidelines Committee best practice advice:
Shaheen NJ, Weinberg DS, Denberg TD, Chou R, Qaseem A, Shekelle P; Clinical Guidelines Committee of the American College of Physicians. Upper endoscopy for gastroesophageal reflux disease: best practice advice from the clinical guidelines committee of the American College of Physicians. Ann Intern Med 2012;157:808–16. doi: 10.7326/0003-4819-157-11-201212040-00008. PubMed PMID: 23208168
2011 American Gastroenterological Association medical position statement on the management of Barrett’s esophagus:
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2005 Canadian Association of Gastroenterology GERD Consensus Group, 2004 update:
Armstrong D, Marshall JK, Chiba N, Enns R, Fallone CA, Fass R, et al. Canadian Consensus Conference on the management of gastroesophageal reflux disease in adults — update 2004. Can J Gastroenterol 2005;19:15–35. PubMed PMID: 15685294.
2002 Gastroenterological Society of Australia guidelines for clinicians:
Katelaris P, Holloway R, Talley N, Gotley D, Williams S, Dent J, et al. Gastro-oesophageal reflux disease in adults: guidelines for clinicians. J Gastroenterol Hepatol 2002;17:825–33. doi: 10.1046/j.1440-1746.2002.02839.x. PubMed PMID: 12164956.
Os critérios de Praga para EB oferecem um sistema consensuado de classificação endoscópica que foi submetido a uma extensa validação interna e externa por parte de endoscopistas experimentados. Os critérios de Praga fornecem um sistema simples para avaliar a extensão do esófago de Barrett, com base no comprimento do esófago distal que ocupa o epitélio de Barrett circunferencialmente (C) e o máximo (M) em relação à união gastroesofágica, que se caracteriza pelos extremos proximais das pregas da mucosa gástrica e/ou “pinça” do esfíncter esofágico inferior. Foi demonstrado que diferentes endoscopistas identificaram e mediram estes critérios com fiabilidade. A localização dos pontos de referência gastroesofágicos é esencial para a classificação, e podem ser identificados e localizados de forma confiável por diferentes endoscopistas. O sistema de classificação padronizada melhora a capacidade dos médicos para medir a eficácia dos tratamentos do EB em pacientes individuais e melhora a classificação dos pacientes com EB nos ensaios clínicos [89,90].
Epidemiologia da DRGE no Japão
Michio Hongo
Prevalência do refluxo gastroesofágico e sintomas da doença do refluxo gastroesofágico no Japão.
Dos 6035 pacientes elegíveis, 2662 (44,1%) informaram ter azia gástrica e/ou regurgitação ácida no decorrer do ano anterior: 124 (2,1%) diariamente, 275 (4,6%) duas vezes por semana, 773 (12,8%) duas vezes por mês, e 1490 (24,7%) menos de duas vezes por mês. 399 (6,6%) pacientes foram diagnosticados com DRGE, e não houve relação entre prevalência da DRGE e sexo ou idade.
Os estudos endoscópicos mostram que a prevalência geral da esofagite por refluxo na população adulta no Japão se encontra na faixa de 14-16%.
As percentagens de cada motivo de consulta em relação à totalidade dos pacientes foram os seguintes: azia, 27,0%; disfagia, 16,9%; odinofagia, 19,2%; regurgitação ácida, 7,1%. As percentagens de cada grau foram as seguintes: grau A: 9,6%; grau B: 4,6%; e grau C + D: 2,0%.
A prevalência da DRGE comunicada na população do leste da Ásia variou de 2,5% a 6,7% para alguns sintomas semanais de azia e/ou regurgitação ácida, e pode estar aumentando. Nos estudos de casos, a prevalência da esofagite por refluxo variou de 3,4% a 16,3%.
Sete estudos informaram que a prevalência de, no mínimo, sintomas semanais foi de 6,5-9,5%, valor próximo ao relatado nas populações ocidentais (10-20%).
Epidemiologia da DRGE na Índia
Shobna Bhatia
Há vários estudos da Índia que informam a prevalência de sintomas semanais de DRGE, mostrando que varia entre 7,6% e 19%.
Epidemiologia da DRGE no Brasil
Joachim Moraes-Filho
A prevalência da azia gástrica (11,9%) é relativamente alta na população urbana no Brasil, embora mais baixa que os valores informados em outros países. Azia e DRGE têm maior prevalência entre as mulheres, e ambas estão relacionadas com a alimentação, alimentos gordurosos e picantes; a DRGE é mais frequente em pessoas maiores de 35 anos.
Epidemiologia da DRGE em Asan-si, Coreia
Young-Seok Cho
A prevalência da DRGE entre a população da cidade de Asan-si na Coreia foi de 3,5%. Azia gástrica e regurgitação ácida são associadas significativamente à dor no peito, disfagia, sensação de nó na garganta, rouquidão e asma.
Epidemiologia da DRGE na Argentina
Graciela Salis
Na Argentina, os sintomas típicos de refluxo gastroesofágico são altamente prevalentes a nível nacional (a prevalência de sintomas frequentes de refluxo foi 23,0% (IC 95%, 20,1 a 25,9) e a prevalência da DRGE foi 11,9% (IC 95%, 9,6 a 14,1). Os sintomas frequentes de refluxo gastroesofágico são associados significativamente à disfagia, sensação de nó na garganta e dor no peito de origem não cardíaco.
Epidemiologia da DRGE GERD na Rússia
Leonid Lazebnik
O ensaio MEGRE baseado na população foi realizado em seis cidades da Rússia utilizando uma metodologia reconhecida internacionalmente, e mostrou que a prevalência da DRGE é de 13,3%. A maioria dos pacientes prestam pouca atenção aos sintomas; não procurou conselho médico e não recebeu, portanto, nenhum tratamento adequado. Azia gástrica aconteceu em 47,5% dos pacientes que responderam: frequentemente em 9% e rara vez em 38,5%. A regurgitação aconteceu em 42,9% dos pacientes: com frequência em 7,6%, rara vez em 35,3%.
1. Vakil N, van Zanten SV, Kahrilas P, Dent J, Jones R, Global Consensus Group. The Montreal definition and classification of gastroesophageal reflux disease: a global evidence-based consensus. Am J Gastroenterol 2006;101:1900–20; quiz 1943.
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